terça-feira, 9 de outubro de 2012

Papel de parede



Aceitam-se sugestões!
O apartamento para onde irei viver em Dezembro tem papel de parede em todas as divisões e esse pode bem ser o elo mais fraco de todos os 60 m2 do espaço. Não necessariamente pelo mau estado, mas pelo gosto... peculiar que demonstram.
Ou seja, é praticamente URGENTE mudar o papel quando me mudar, para não ter sonhos com rosas e ramos azuis e verdes e de cores indefiníveis...
Não adiantam propostas sobre pintar por cima, porque tenho regras a cumprir como inquilina, mas podem deixar as vossas "visões".
Logo que possa voltar ao apartamento, acrescento umas fotos, para ser mais real  ;)

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Um tiro: o que fazer em época de caça

Virsbo esta tarde, a caminho da estação de comboios.






Não fui rápida o suficiente para preparar a máquina e fotografar um pequeno veado que lanchava maçãs esburacadas, mesmo à minha frente... Estivemos próximos, quase escolhi um nome para lhe dar, mas alguma coisa o assustou. As maçãs ficaram caídas (termina o lanche depois?) e os pinheiros e choupos depressa o esconderam.
Eu continuei o meu caminho. Costuma ser uma caminhada acelerada, para não deixar o comboio partir sem mim, mas hoje tive mais tempo e o solzinho convidou a estas fotos.
A calma em volta faz-me esquecer por uns segundos uma dor de cabeça instalada desde a manhã e uma constipação entre o download e o execute.
Umas quantas dezenas de passos mais à frente escutei um tiro. Aberta a época de caça. Os alces são o alvo mais valioso... mas temi pelo inocente roedor de maçãs.

Um coro

Eram 22 e esperavam-me à porta da sala, hoje, pela primeira vez.
"O que é que vamos cantar?", "Vamos cantar na língua lá do teu país?", "Ah, eu vim, mas não sei cantar..."
A escola de Virsbo vai ter um coro, assim parece! Quantos alunos vão querer ficar "até ao fim" não sei dizer. Quantos fugirão no momento de cantar para um pequeno público, nunca se sabe...
Mas que a música possa reunir, à sua maneira, alunos tão diferentes ao menos uma vez já sabe muuuuito bem! E as vozes maravilhosas que se revelam! Os dons que nem quem os tem os sabe... são um privilégio!
*
Entre os que não são mesmo meus alunos nas disciplinas de línguas correm os comentários mais engraçados: sou aquela que sabe as línguas todas; aquela que fala sueco de uma maneira esquisita às vezes; que vem do país do Cristiano Ronaldo; que segura as portas para os alunos passarem e sorri para todos quando diz Olá. É melhor assim do que aquilo que se escreve para descrever o ministro Gaspar, certo?
Em suma, os meus passos levam-me à diversidade: tento utilizar um pouco de tudo o que vim aprendendo e proporcionar aos outros experiências que lhes construam uma memória mais bonita.

Alguns meses depois

Boa noite!
Nem sei por onde começar...
... mas será bem educado da minha parte perguntar-vos "como vai isso?"
Não é lá grande pergunta que se faça por estes dias, pois não? (suspiro)
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Passaram alguns meses desde que consegui passar aqui pela última vez. Ainda há minutos, quando relia  o filete anterior, mal consegui recordar o momento em que o escrevi. Do tanto que aconteceu de Julho até agora, distraí-me... quase.
Se contar com detalhes vai ser aborrecida a leitura, por isso corro depressa por cima do calendário.
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Comecei a trabalhar a 9 de Agosto, quatro dias depois de ter voltado à Escandinávia. Trazia então na alma a família e o arco imenso de amigos, sobretudo aqueles que o Verão fragilizou. (E por falar em Verão, já não o vejo há dois meses!) Em Setembro mudei-me para um pequeno apartamento, não muito longe do centro da cidade - um degrau apenas a meio do caminho para "o meu apartamento", onde viverei a partir de Dezembro.
45 quilómetros me separam da escola: percorro, no total, uma hora e pouco de estrada todos os dias para encontrar os meus alunos e depois voltar para casa. Virsbo é o nome da encantadora aldeia, uma espécie de S. Cristóvão com muitos pinheiros, com um lago, com três indústrias de assinatura finlandesa, com uma comunidade muito peculiar, mas sem teatro, sem coelhos de coentrada (só há dos outros, que aparecem do meio do bosque) e sem o aconchego humano que só uma aldeia alentejana sabe ter.
Setembro foi também dedicado à cozinha portuguesa e a encontros falados em português: do caldo verde aos fios de ovos, do bacalhau no forno ao doce de tomate caseiro, dos debates sobre língua materna aos bons amigos que aceitam desafios e ajudam de coração, o nono mês foi uma azáfama.
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O "rebuliço" prossegue mas Outubro veio e ainda mal se estreou.
Aqui não houve feriado ao quinto dia, porque a Suécia se mantém um país de reis e princesas (as estórias, todavia, já não são como as de antigamente e quem as conta são as revistas, com letras amarelas e cor de rosa). Não me atrevo a discutir monarquia e "outros assuntos da gramática", mas vem a propósito dizer-vos que estes 3500 quilómetros não me tornam cega: vejo e escuto Portugal todos os dias e uma parte de mim luta aí!