domingo, 26 de janeiro de 2014

A nossa pátria é a língua portuguesa

Beberrica-se um café, fala-se português de diferentes paisagens, e está-se "em casa".

Västerås torna-se cada vez mais lusófono e é rica a mistura de sotaques. Enriquecedor é também o conhecimento daqueles que, depois de 5 minutos ou de 3 horas à mesa, já são novos amigos. Bem-vindos Rita e Pedro, Vitor e Luís.


       

sábado, 25 de janeiro de 2014

I surrender









Fim de Janeiro, e as tardes já são um pouco mais longas.

Podia ter sido uma manhã para dormir, longa e preguiçosamente, mas despertei cedo. Vem do hábito. Pensei, ainda afundada na almofada, que este devia ser um Sábado para corrigir testes e tal, mas em vez disso comecei o dia a limpar, aspirar, fiz um bolo e, ao som dos Deolinda, dancei na cozinha com a esfregona por par. Que figura!! :D
Dou-me ao luxo de hoje ainda não ter pensado uma palavra que fosse em sueco, talvez por isso seja um momento propício para aqui escrever. Aproveitando a luz que ainda entra na cozinha, corto uma fatia de bolo (podia ter corrido melhor - para a próxima, respeito a receita) e recordo o filme que fui ver ontem.

Podia dizer numa palavra apenas: rendo-me. Levou tempo até eu apreciar o trabalho do DiCaprio, mas o papel de Jordan Belfort, achei-o digno de Óscar, sim senhor. E percebo que é uma maturidade em construção já de papéis anteriores.
Hipérbole, exagero, luxúria, volúpia - e é chamar-lhe pouco. Baco ruborizaria, digo eu. Três horas de muito bom guião construído sobre o pior nível de linguagem e momentos que tocam uma espécie de grotesco da contemporaneidade. Os risos e as gargalhadas vindos do público soam em muitos momentos de desconforto, para desviar o embaraço. Ascensão, excentricidade, auto-destruição, decadência, solidão, medo. O fim.
Não só o DiCaprio faz um bom trabalho; quase todo o casting me pareceu perfeito para a estória! E a visão do Senhor Scorsese é não a de um lobo de Wall Street, mas de mestre de Hollywood.


Nota para mim mesma: elas podem existir

Eu não sou a Cinderela: falta-me - só mesmo a título de exemplo - a destreza para transportar três tabuleiros com chávenas e bule, de uma só vez.
Mas as irmãs, essas suspeito que existem. De quando em quando, cruzo-me com elas. Não são nada fáceis. Indispõem! Mas depois passa.


sábado, 11 de janeiro de 2014

Memórias - de uma Gueixa, não, de um joelho

Branco e leve, o dia passou.
A criançada apareceu para brincar com a neve, os pais também. Botas e kispos hão-de estar, ainda pingando, pendurados à espera de sair de novo amanhã. Que pagode! Mesmo à minha porta havia marcas de pequenos "anjos de neve" :)
Depois do cinema, caminhei até casa sob flocos puros, brilhantes, frios. Este é o Inverno sueco de que gosto - com o risco de cair a cada passo, com o branco que não vai durar muito, mas há um silêncio bom e fica-se mais perto da fantasia da Disney.



Da fantasia à realidade, dói-me um joelho. O direito, para ser mais precisa. O sintoma tende a vir com a neve e com o sinal de menos no termómetro. Ah, e com o sinal de mais na idade, também.
Do que me lembro - é o joelho que mo recorda -, estava escuro e eu ia avenida João XXI acima. O escuro era o da manhã, isso ainda sei, e a minha caminhada tinha pressa. 
Ora, a calçada portuguesa pode ser uma obra de arte, mas quando em obras e com crateras abertas, cai-se nela como noutro chão qualquer. E eu, nesse madrugar escuro, tropecei num paralelepípedo fora do buraco a que pertencia e aterrei, num ponto preciso e com um som oco, no joelho direito. Deve ter sido uma linda coreografia, mas àquela hora havia, para minha sorte, pouca gente acordada. Doeu-me, se doeu! O joelho, e o estrondo que senti por dentro do corpo todo. No entanto, continuava com pressa e fiz por seguir o meu caminho.
De então para cá, sobretudo nestes últimos três invernos de rigor, regressa esta memória. Passará com os "pós de Maio".

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

S & S - Sexta e Sofá





Foi um dia de aulas bonzinho, hoje.
Alunos de inglês que fazem críticas pensadas e construtivas sobre o primeiro semestre e que parecem agradados com os planos para a próxima metade do ano; alunos de castelhano que vão, passo a passo, olhando mais para mim do que para o telemóvel - not bad! Estes são os dias inspiradores.
Mas, na verdade, o maior encanto das sextas-feiras é serem sextas-feiras. Há sofá, há tempo para ver um pouco de televisão, o serão poder durar até depois das 21h e o despertador promete não tocar às 5h30 por duas madrugadas seguidas. Gosto disso!

Para celebrar este dia e alegrar o móvel junto ao sofá comprei túlipas: um ramo de brancas, outro de vermelhas. Bem bonitas! A minha casinha agradece.
O mais engraçado é que, no supermercado, estava um sénior simpático à porta e que elogiou as ditas flores. Perguntou-me se eram para o meu marido (oh, imaginação nórdica!!). Respondi-lhe que eram para mim. Ofereceu-me um sorriso generoso, disse-me que eu era certamente merecedora e desejou-me bom fim de semana.

A sexta-feira é, como as férias em Montemor, uma espécie de ilusão fugaz. Parece-me sempre que vou  ter tempo para mais do que realmente desejo.
No meu optimismo, a partir de agora e até Domingo hei-de conseguir dormir, cozinhar, ler, trabalhar em casa, trabalhar na escola, ir ao cinema... Hum, não sei, não sei.
Mas o filme, já agora, há-de ser "Philomena", com uma senhora que fará bem o seu papel, desconfio eu - Dame Judi Dench. Como aquecimento, aproveito o que está a dar agora na tv, com uma senhora não menos grandiosa no ecrã - Meryl Streep  em "The bridges of Madison County".

Bom fim de semana!

sábado, 4 de janeiro de 2014

Depois do duche


Já sei o que vão dizer: Há quanto tempo! Dava para acreditar que tinhas deixado de escrever. Tinham-se-te acabado as histórias para partilhar?
Entre Outubro de 2012 e este chuvoso despontar de Janeiro de 2014 (são muitos meses, how embarrassing!) não faltaram, na verdade, momentos e pensamentos para contar - mas não houve a disponibilidade, ou a inspiração das palavras, ou outro factor qualquer que importa reunir no instante da escrita.
Hoje, porém, acabada de regressar à Suécia - depois de duas semanas de Natal, de afectos, Família, Amigos e petiscos perversamente deliciosos e constantes - quero escrever. Depois é que vou dormir.

Não preciso de recuperar memórias; o que já foi, já foi.
Escrevo do agora, e no agora acabei de desfazer as bagagens, de guardar tudo nos devidos lugares cá de casa, de beber um chá de limão e de tomar um duche. Modéstia à parte, com os vai-vem entre o Norte e o Sul fui-me tornando mais eficaz e rápida no abrir das malas e no devolver dos objectos à sua origem; eficácia e talento só comparáveis com os do pai Vivi, que é um expert em arrumar bagagem antes das viagens: ele faz listas, ele pesa, ele arruma, ele garante que nada falta. E a Mimi ajuda.
E por falar em agora e em duche: água foi coisa que não faltou nestas breves férias de Natal. A chuva, da que aborrece e molha de verdade, faz falta, essa é que é essa, e S. Pedro não poupou nada nos últimos dias. Contrária e estranhamente, na casa dos meus pais (e noutras em Montemor, contam-me) as gotas que caem na hora do duche são pouco convincentes para meu gosto. Nesta altura, a minha mãe vai sorrir (ou não), e comentar Ai esta rapariga, que tem ela de contar da água e dos banhos cá de casa? Pois.

A partida de Lisboa esta manhã não me veio nada a calhar, foi difícil. Foi e é, no agora, porque a despedida nunca é fácil. Fácil é a lágrima que vem com os abraços importantes, fácil é a saudade, fáceis são interrogações e dúvidas sobre a partida. Mas também é curiosamente fácil este sentimento de estar em casa. Uma pessoa de quem gosto muito recordou-me que a nossa casa é onde está o nosso coração; eu vou mesmo sentindo que a minha casa é o meu coração e quantos moram nele comigo. Ou seja, estou sempre em casa, aí e aqui. No entanto, de novo no número 28 da Sigfrid Edströms Gata, o duche, esse é mais quente e a água cai com a pressão certa ;) Que bom!

As notas de ironia na escrita são um escudo, claro - "brincar" com a distância e com os contrastes ajuda a tirar-lhes o peso. Só não deixa de ser verdade que foi o duche de há minutos que me trouxe de volta ao blog!
Ora, eu tomo duche todos os dias - continuarei a escrever diariamente? Não. Vai faltar a disponibilidade, ou a inspiração das palavras ou outra coisa qualquer. Mas vou voltando. É uma das decisões para 2014.