sábado, 4 de janeiro de 2014

Depois do duche


Já sei o que vão dizer: Há quanto tempo! Dava para acreditar que tinhas deixado de escrever. Tinham-se-te acabado as histórias para partilhar?
Entre Outubro de 2012 e este chuvoso despontar de Janeiro de 2014 (são muitos meses, how embarrassing!) não faltaram, na verdade, momentos e pensamentos para contar - mas não houve a disponibilidade, ou a inspiração das palavras, ou outro factor qualquer que importa reunir no instante da escrita.
Hoje, porém, acabada de regressar à Suécia - depois de duas semanas de Natal, de afectos, Família, Amigos e petiscos perversamente deliciosos e constantes - quero escrever. Depois é que vou dormir.

Não preciso de recuperar memórias; o que já foi, já foi.
Escrevo do agora, e no agora acabei de desfazer as bagagens, de guardar tudo nos devidos lugares cá de casa, de beber um chá de limão e de tomar um duche. Modéstia à parte, com os vai-vem entre o Norte e o Sul fui-me tornando mais eficaz e rápida no abrir das malas e no devolver dos objectos à sua origem; eficácia e talento só comparáveis com os do pai Vivi, que é um expert em arrumar bagagem antes das viagens: ele faz listas, ele pesa, ele arruma, ele garante que nada falta. E a Mimi ajuda.
E por falar em agora e em duche: água foi coisa que não faltou nestas breves férias de Natal. A chuva, da que aborrece e molha de verdade, faz falta, essa é que é essa, e S. Pedro não poupou nada nos últimos dias. Contrária e estranhamente, na casa dos meus pais (e noutras em Montemor, contam-me) as gotas que caem na hora do duche são pouco convincentes para meu gosto. Nesta altura, a minha mãe vai sorrir (ou não), e comentar Ai esta rapariga, que tem ela de contar da água e dos banhos cá de casa? Pois.

A partida de Lisboa esta manhã não me veio nada a calhar, foi difícil. Foi e é, no agora, porque a despedida nunca é fácil. Fácil é a lágrima que vem com os abraços importantes, fácil é a saudade, fáceis são interrogações e dúvidas sobre a partida. Mas também é curiosamente fácil este sentimento de estar em casa. Uma pessoa de quem gosto muito recordou-me que a nossa casa é onde está o nosso coração; eu vou mesmo sentindo que a minha casa é o meu coração e quantos moram nele comigo. Ou seja, estou sempre em casa, aí e aqui. No entanto, de novo no número 28 da Sigfrid Edströms Gata, o duche, esse é mais quente e a água cai com a pressão certa ;) Que bom!

As notas de ironia na escrita são um escudo, claro - "brincar" com a distância e com os contrastes ajuda a tirar-lhes o peso. Só não deixa de ser verdade que foi o duche de há minutos que me trouxe de volta ao blog!
Ora, eu tomo duche todos os dias - continuarei a escrever diariamente? Não. Vai faltar a disponibilidade, ou a inspiração das palavras ou outra coisa qualquer. Mas vou voltando. É uma das decisões para 2014.


2 comentários:

  1. as vezes não há nada melhor que um simples duche para relaxarmos e também nos inspirarmos :)
    gostei*

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  2. Como te percebo amiga, ás vezes é no dar valor ás pequenas coisas que está o ganho. Imagino que os contrates sejam ainda maiores que aqueles entre Portugal e a Alemanha, mas é neste vai e vem e vai e vem e volta não volta que nós vamos crescendo nesta saudade imensa! beijinhos grandes e bons duches! ;)

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