terça-feira, 9 de outubro de 2012

Papel de parede



Aceitam-se sugestões!
O apartamento para onde irei viver em Dezembro tem papel de parede em todas as divisões e esse pode bem ser o elo mais fraco de todos os 60 m2 do espaço. Não necessariamente pelo mau estado, mas pelo gosto... peculiar que demonstram.
Ou seja, é praticamente URGENTE mudar o papel quando me mudar, para não ter sonhos com rosas e ramos azuis e verdes e de cores indefiníveis...
Não adiantam propostas sobre pintar por cima, porque tenho regras a cumprir como inquilina, mas podem deixar as vossas "visões".
Logo que possa voltar ao apartamento, acrescento umas fotos, para ser mais real  ;)

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Um tiro: o que fazer em época de caça

Virsbo esta tarde, a caminho da estação de comboios.






Não fui rápida o suficiente para preparar a máquina e fotografar um pequeno veado que lanchava maçãs esburacadas, mesmo à minha frente... Estivemos próximos, quase escolhi um nome para lhe dar, mas alguma coisa o assustou. As maçãs ficaram caídas (termina o lanche depois?) e os pinheiros e choupos depressa o esconderam.
Eu continuei o meu caminho. Costuma ser uma caminhada acelerada, para não deixar o comboio partir sem mim, mas hoje tive mais tempo e o solzinho convidou a estas fotos.
A calma em volta faz-me esquecer por uns segundos uma dor de cabeça instalada desde a manhã e uma constipação entre o download e o execute.
Umas quantas dezenas de passos mais à frente escutei um tiro. Aberta a época de caça. Os alces são o alvo mais valioso... mas temi pelo inocente roedor de maçãs.

Um coro

Eram 22 e esperavam-me à porta da sala, hoje, pela primeira vez.
"O que é que vamos cantar?", "Vamos cantar na língua lá do teu país?", "Ah, eu vim, mas não sei cantar..."
A escola de Virsbo vai ter um coro, assim parece! Quantos alunos vão querer ficar "até ao fim" não sei dizer. Quantos fugirão no momento de cantar para um pequeno público, nunca se sabe...
Mas que a música possa reunir, à sua maneira, alunos tão diferentes ao menos uma vez já sabe muuuuito bem! E as vozes maravilhosas que se revelam! Os dons que nem quem os tem os sabe... são um privilégio!
*
Entre os que não são mesmo meus alunos nas disciplinas de línguas correm os comentários mais engraçados: sou aquela que sabe as línguas todas; aquela que fala sueco de uma maneira esquisita às vezes; que vem do país do Cristiano Ronaldo; que segura as portas para os alunos passarem e sorri para todos quando diz Olá. É melhor assim do que aquilo que se escreve para descrever o ministro Gaspar, certo?
Em suma, os meus passos levam-me à diversidade: tento utilizar um pouco de tudo o que vim aprendendo e proporcionar aos outros experiências que lhes construam uma memória mais bonita.

Alguns meses depois

Boa noite!
Nem sei por onde começar...
... mas será bem educado da minha parte perguntar-vos "como vai isso?"
Não é lá grande pergunta que se faça por estes dias, pois não? (suspiro)
*
Passaram alguns meses desde que consegui passar aqui pela última vez. Ainda há minutos, quando relia  o filete anterior, mal consegui recordar o momento em que o escrevi. Do tanto que aconteceu de Julho até agora, distraí-me... quase.
Se contar com detalhes vai ser aborrecida a leitura, por isso corro depressa por cima do calendário.
*
Comecei a trabalhar a 9 de Agosto, quatro dias depois de ter voltado à Escandinávia. Trazia então na alma a família e o arco imenso de amigos, sobretudo aqueles que o Verão fragilizou. (E por falar em Verão, já não o vejo há dois meses!) Em Setembro mudei-me para um pequeno apartamento, não muito longe do centro da cidade - um degrau apenas a meio do caminho para "o meu apartamento", onde viverei a partir de Dezembro.
45 quilómetros me separam da escola: percorro, no total, uma hora e pouco de estrada todos os dias para encontrar os meus alunos e depois voltar para casa. Virsbo é o nome da encantadora aldeia, uma espécie de S. Cristóvão com muitos pinheiros, com um lago, com três indústrias de assinatura finlandesa, com uma comunidade muito peculiar, mas sem teatro, sem coelhos de coentrada (só há dos outros, que aparecem do meio do bosque) e sem o aconchego humano que só uma aldeia alentejana sabe ter.
Setembro foi também dedicado à cozinha portuguesa e a encontros falados em português: do caldo verde aos fios de ovos, do bacalhau no forno ao doce de tomate caseiro, dos debates sobre língua materna aos bons amigos que aceitam desafios e ajudam de coração, o nono mês foi uma azáfama.
*
O "rebuliço" prossegue mas Outubro veio e ainda mal se estreou.
Aqui não houve feriado ao quinto dia, porque a Suécia se mantém um país de reis e princesas (as estórias, todavia, já não são como as de antigamente e quem as conta são as revistas, com letras amarelas e cor de rosa). Não me atrevo a discutir monarquia e "outros assuntos da gramática", mas vem a propósito dizer-vos que estes 3500 quilómetros não me tornam cega: vejo e escuto Portugal todos os dias e uma parte de mim luta aí!

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Não é para me gabar!...

Este calor apela ao fazer pouco ou quase nada. Ainda com pequenos vestígios da gripe que me entupiu na semana passada, sinto que o calor me pesa. A praia sabe bem, o sol é como uma benção, mas, como alguém me disse com graça, talvez eu já não estivesse preparada para o bom tempo.
Porém, este espírito de preguiça que faz transpirar não é totalmente incompatível com algum trabalho, que tenho entre mãos, e a preparação do novo ciclo. Leio sobre catering, compro livros de receitas das várias regiões do país, procuro contactos, penso em actividades para as próximas festas, revejo um texto com reflexões interessantes...
Esta tarde, cumpri mais uma tarefa, consultei as minhas notas na página da faculdade onde estudei sueco. E não é para me gabar... mas de tantas coisas que fui partilhando nestas linhas, porque não hei-de partilhar mais uma, que me deixou especialmente contente e com o sentimento de missão cumprida?
Tive A no trabalho de projecto e B nas outras componentes escritas e na prova de oralidade! Os dois grandes núcleos do curso com as notas máximas atribuídas. Agradeço a quem, por genes ou por afectos, me foi ensinando a gostar tanto de línguas e de outras culturas, tornando mais fáceis e verdadeiramente empenhadas as minhas aprendizagens.
Jag kan prata och skriva svenska, vad kul!! :)

quarta-feira, 18 de julho de 2012

O mistério da p_lota desaparecida

Uns dias na Costa, para descansar e mudar de cores.
A Costa, que já não é a da minha infância, mas onde nem tudo mudou: vejo avôs e avós passearem com os netos, preocuparem-se com a espessa camada de protector dos pequenos, gritarem as mesmas frases com que pretendem afastar das ondas os infantes atrevidos. As avós ainda fazem lanches e continuam a passar pelo desafio de fazer o neto ou a neta sentar-se uns minutos para comer.
Também permanece o ruído de fundo, a malta barulhenta mesmo, as mães do eterno «Se te apanho!... [faz lembrar uma canção brasileira famosa , mas a semântiac é outra] Estás a levar uma palmada não tarda...» Mas tarda sempre e o som da ameaça ecoa uma manhã inteira. Não se consegue dormir uma sesta de seguida!
E hoje pairava um mistério em especial no areal da Caparica: uma grande família de hermanos nossos procurava, sem qualquer silêncio, uma p_lota desaparecida. O reboliço por causa de uma bola que, provavelmente, já estava perdida nas ondas há muito. Pronto, de tanto os ouvir na busca incessante, abdiquei dos raios de sol e tomei o caminho para casa.
Coisas.

Um céu da cor de estar de volta

Bons olhos me leiam!
Vou poupar teclas às desculpas por não ter escrito nada durante tanto tempo... Tenho pena, mas a corrida das horas, dos dias, dos meses atravessa-se muito no meu caminho.
Estou agora por cá, de férias. Aqui, perto do mar que nos recorta, preencho os sentidos, recupero da temporada de cinzentos frios e bebo deste azul até à embriaguez do olhar.

sábado, 21 de abril de 2012

Quando éramos pequenos...

... sabíamos muito menos do que sabemos agora. Não trago novidade nenhuma com isto, pois claro. A vida ensina-nos: desenvolvemos capacidades e dons, apuramos o modo de gostar dos outros e das coisas, revelamo-nos, muitas vezes, a nós próprios. Ah, e em princípio deixamos de comer com as mãos! ou não...
A Suécia ontem esteve de cara feia, um dia molhado de cores zangadas, um vento de torcer chapéus de chuva. Ainda assim, foi um dia bom e generoso, com bons encontros, com amizade. E, como em 6.ª feira sueca que se preze, o jantar foi... diferente. JURO que lavei as mãos antes de comer, À MÃO!!
Economizo nos detalhes, mas posso dizer que foi comida etíope, bastante saborosa e servida talvez sem requintes de etiqueta, mas com um charme muito próprio. Eu diria que um dos truques é comer num lugar onde haja pouca luz, para disfarçar o ar encardido que se pega aos dedos e se agarra às unhas. De resto, recomendo!

domingo, 8 de abril de 2012

Ir, escutar, ver, sentir, celebrar


Já sabem os que lêem estes filetes que, de vez em quando, peço uns favores. Não são coisas difíceis, confio eu: peço sobretudo o uso do coração e dos sentidos.
Desta vez, gostava que fossem a este concerto: escutem-no, vejam-no, toquem-no, sorriam-no por mim.
Aplaudam por mim Allegro f os 25 anos de música, de generosidade!
Aplaudam por mim f crescendo todos e cada um que tornaram possível o concerto!
Aplaudam por mim ff molto espressivo o Maestro e os Cantores!

Rebaldaria em sueco diz-se...

... rabalder.
Não, é verdade que não vem muito a propósito de Páscoa.
É igualmente verdade que os meus pais não me mandaram para o estrangeiro para aprender estas palavras que, enfim, têm uma utilidade relativa (LOL, tanto disparate junto!).
É facto, todavia, que o quotidiano aparentemente descontraído não perde a capacidade de me surpreender, e quando ouvi a palavra "rabalder" perguntei, com jeitinho (com jeitinho, sim, que as minhas curiosidades linguísticas às vezes deixam o pessoal atrapalhado...): o que é que isso quer dizer? E da resposta retirei a palavra perfeita em português - a confusão, a desarrumação, a rebaldaria. Vejamos a palavra aplicada a um exemplo inócuo: Anda uma grande rabalder nas contas do Estado Português.
Ah, e por falar em matérias de Língua e afins, ainda há dias devolvi aqui na biblioteca um livro chamado Os verbos irregulares portugueses. Um equívoco divertido! Quase tão bem sucedido como um relógio que tive em tempos (ofereceu-mo a Nita), em que o que se movia eram os números (e no sentido inverso, para dificultar mais), assim que os passageiros mais próximos, nos autocarros, quase torciam o pescoço para tentar espiar as minhas horas! No caso do livro, passei algumas vezes por aplicada especialista em gramática, quando estava a ler, afinal, um conjunto de contos cheios de ironia.
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A minha mãe faz anos hoje (9 de abril), e porque ela gosta destes meus vizinhos, fica aqui uma cantiga cheia de genica e "adolescência" para ela poder fazer coro e dançar lá em casa. PARABÉNS, Mimi! Does your daughter know that you're out? ;)

quinta-feira, 29 de março de 2012


CHEGARAM OS VIVIS! :)
Fui buscá-los ao aeroporto sem que estivessem à espera. A chuva também apareceu para dar as boas-vindas!
(Aliás, o sol não deve ter muita oportunidade de dar a cara por estes dias. Já a neve pode querer dar um ar da sua graça!)
Na bagagem - e que bagagem!! - vinham os vossos beijinhos, as vossas amêndoas, as vossas saudades e boas energias. Vinham, enfim, a vossa Amizade, mais doce que tudo, e muitos mimos. Obrigada!
No regresso, posso prometer, os meus pais levar-vos-ão uma soma de abraços ternos e gratos.
Bom tempo de Páscoa!

Quase como ela


Sabe-se que, não tão raras vezes, faço pequenas viagens na memória. Costumam acontecer antes da escrita - as palavras são apenas uma desculpa para poder partilhar o que recordo.
Aconteceu no fim de semana passado, quando parti à descoberta de mais 600 quilómetros de Suécia. (Ainda assim só cheguei a meio, continua a outra metade por percorrer.) Östersund era o destino, e os anfitriões proporcionaram três bons dias de passeio, paisagem e gastronomia, não obstante o vento, o frio, a neve em estado de "derretência" (apeteceu-me inventar...)
Encantei-me, entre outros detalhes da paisagem, com o facto de estar num lugar onde o ar é absolutamente limpo. Como é que sei? Caminhando na floresta - vendo as árvores numa vizinhança verde, densa, misteriosa, silenciosa, cúmplice -, reparei que nascem nalguns ramos uma espécie de barbas: explicaram-me que é um indicador de ausência de poluição. Parece-me que até aumentei o número de inspirações por minuto, na esperança de fazer uma privilegiada limpeza das vias respiratórias.
E foi lá, a 600 quilómetros do lugar a que já me habituei, que ouvi falar de uma tal raposa desinibida. A que pousa para a fotografia com o seu olhar mais esperto. A que é quase como a Raposa Salta Pocinhas, que eu tanto gostava de ver na RTP quando era, pronto, menos madura do que sou agora ;) Aquela cujas orelhas atentas, peludas e alaranjadas me fez lembrar vários quadros de infância.
Obrigada à Helena e ao Jimmy por me cederem uma fotografia tão especial e rara!

quarta-feira, 21 de março de 2012

Shakespeare's Sonnet XXI

Neste dia 21, o da Poesia, o soneto XXI de um poeta que os amigos de todas as nacionalidades vão poder ler :)
«So is it not with me as with that Muse,
Stirred by a painted beauty to his verse,
Who heaven itself for ornament doth use
And every fair with his fair doth rehearse,
Making a couplement of proud compare
With sun and moon, with earth and sea's rich gems,
With April's first-born flowers, and all things rare,
That heaven's air in this huge rondure hems.
O! let me, true in love, but truly write,
And then believe me, my love is as fair
As any mother's child, though not so bright
As those gold candles fixed in heaven's air:
Let them say more that like of hearsay well;
I will not praise that purpose not to sell.»

segunda-feira, 19 de março de 2012

Oh pá, não me empurres!...


... disse eu ao vento.
É que não vos passa pela ideia (isto é uma hipérbole, claro!) o vendaval que aqui vai hoje!
Só por causa disso:
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Estão todos bem, aí?
Ouvi falar de chuva... Gotas felizes, mas não tão generosas quanto seria preciso. Torço para que chova mais, prometo - a tempo de ainda fazer despontar algum verde fresco e uns roxos, amarelos e vermelhos rejuvenescidos.
Aqui, apesar do vento e das noites frias, a primavera tem vontade de chegar: nascem, de surpresa, as primeiras flores; a neve é um pretérito branco (mas, se subir algumas centenas de quilómetros no mapa sueco, ainda a paisagem está a uma cor só); as lãs do inverno estão arrumadas nos caixotes das lojas até aos saldos do ano que vem, dando lugar aos tecidos mais leves (que as adolescentes mal podem esperar por trazer à rua). Fazem-se planos para o verão, reclama-se a presença do sol. Eu até já posso revelar que algures em junho vou de férias, vejam bem! :)
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Está, pois, a nova estação pronta para romper. Que pressa, a nossa, hein!
Há quem ainda nem tenha entrado no ano novo!...
Ora, isto faz parte daquele fenómeno do "vivendo e aprendendo", conhecem? Eu, por exemplo, tenho dias em que só aprendo que dê para o gasto, noutros aprendo um bocadito mais. Hoje, na faculdade, foi tempo de saber que o Irão só esta madrugada é que há-de celebrar o novo ano. Depois das 6h da manhã. Aos meus colegas que esta noite não se deitam e que, certamente, sentirão falta dos festejos habituais, da família e dos amigos, desejo um FELIZ ANO NOVO!
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Por falar em ocasiões especiais, Feliz Dia dos Pais! :) Muitos dias bons para ti, Vivi!
E obrigada, Tânia e Enric, por terem vindo recolher pedaços e momentos da Suécia para o vosso livro de viagens! Foi muito bom ver-vos aqui :)
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Bem sei que estava "a dever" filetes de vários dias, e acreditem que gosto muito de vir teclar e partilhar estórias e outros disparates... A vida de estudante, porém, está a um ritmo potente; a gramática e a literatura suecas têm fermento nos meus dias e pronto, fico "sem vagar" para tudo.
Assim sendo, mais vale adiantar agora o futuro, já que tenho uns minutos por minha conta: a Mimi e o Vivi vêm de visita, muito em breve!; o Mariakören canta, de Bach, a Paixão Segundo S. João, no dia 1 de abril (é verdade, juro!), e até lá são muitos compassos e sistemas - orquestras deles! - para estudar e decorar; quando terminar o curso de Português que estou a dar agora, há outro, quase certo, para começar (boa notícia, não duvidem); a festa portuguesa que estou a preparar para maio está no bom caminho.
Abraços, saudades, beijinhos. Até quando? Olhem, vem vet?

quarta-feira, 7 de março de 2012

Só para descontrair...



Que semaninha, esta! Diria a minha avó Tupperware que "não há vagar para nada" - man hinner inte!
Hoje tive até de prescindir de um dos prazeres habituais das 4.as feiras: não consegui ir ao ensaio do Mariakören :(
Já se vê que até 6.ª feira tenho um susto de trabalhos do curso para fazer e entregar!
Sabendo que o sono me pode ser difícil, mas que preciso agora de uma pausa para dormir, experimento escrever uns minutos na Língua-Mãe, para descontrair... ou pelo menos tentar.
Provavelmente, quando apagar a luz daqui a nada, a cabeça vai acelerar de pensamento em pensamento: vou lembrar-me da palavra que me fez falta esta tarde; vou perguntar-me que campanha será esta que espalhou por aqui dezenas de Cristianos Ronaldos em cartazes (socorro!); vou divagar sobre o concerto da Carminho desta noite, em Estocolmo; vou lutar com a minha consciência porque "já comi queijadinhas de Sintra para lá da conta..." (foram os Vivis que enviaram, mas eu tenho de ter juízo!). E depois de muitas voltas e inspirações profundas... Atão mas não dormes, tu!?!
Pois.
Enfim, o que pode acontecer é que as noites inquietas acabem por vir distrair a minha memória, que já não é boa de todo. E então há que pensar em estratégias para não me esquecer do que preciso (a juntar aos truques para tentar dormir melhor).
Há dois dias, por exemplo, tive de enfeitar o computador, não fosse dar-se o caso (não seria o primeiro...) de ele querer ficar cá em casa sozinho, em vez de ir para a escola comigo.
É agora, vou apagar a luz e...

domingo, 4 de março de 2012

Cozido à portuguesa & friends - um almoço de domingo que me vai "dar trabalho"




Água amarelada com carne cozida e legumes. Eventualmente, cubos de pão boiando na água. Esta é a visão quase "uncanny" de um cozido à portuguesa para quem não conhece ainda... e está prestes a provar. A curiosidade maior, porém, reside em arriscar e ficar imediatamente fã!
Na Rua Kockvret, o domingo soube a Montemor, soube a Alentejo, soube... BEM!
Tivemos, além disso, uma convidada que, motivada pelos sabores à mesa, me atribui a tarefa de organizar uma festa portuguesa, com catering incluído, já na Primavera! Vad roligt! :)
Boa semana!

O Tico e o Teco no meu quintal!



Mais perfeitos que nos desenhos animados :)

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Um parágrafo para cada apontamento

Boa noite! Estamos todos bem?
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Estou a escrever-vos enquanto, a uns quantos palmos de mim, a televisão oferece uma peça de teatro. É Gustav III, pelo dramaturgo desaparecido há 100 anos e que agora se comemora por toda a Suécia: August Strindberg (o g do fim não se lê).
***
Dores nas pernas. Como se tivesse treinado horas, em sofrimento, no ginásio (aonde, por sinal, já há duas semanas que não vou, por falta de tempo). Tudo porque Estocolmo é grande e eu, que sou da província (do cãmpo), perco-me em círculos e ando mais do que é preciso. Falo-vos de 5.ª feira passada, a propósito. Ainda assim, as caminhadas valeram o incómodo muscular: tive uma promissora entrevista de trabalho e isso pode querer dizer que a capital tem planos para mim no próximo ano letivo!
***
Um cumprimento especial aos senhores taxistas, que prestam um grande serviço, mas que são iguais em todo o mundo. Onde nasceram ou como tiraram a carta, não faz diferença. Todos (exceção feita ao sr. Danado!) ultrapassam os limites de velocidade, fazem manobras perigosas, travam muito em cima da hora e ofendem os condutores das faixas vizinhas. A diferença que encontro é mesmo só no preço... Ai!!
***
O trabalho que começo na 3.ª feira será um desafio. Isso só pode ser bom! Vou "ensinar" a nossa língua, mas o sotaque será o do outro lado do Atlântico. Ora, hoje foi um dia para estudar o Brasil: estados, cidades, fatos, personalidades, vocabulário. Amanhã certamente que vou cantar muito Jobim, Veloso, Adriana, etc., para afinar a pronúncia melódica e doce do brasileiro. A primeira aula está construída, as seguintes estão pensadas, e nunca se pára de aprender. Muito bacana, n'é?
***
A Birgitta fez um bolo com 4 camadas! A Evelina e a Sofia foram boas assistentes, é bom de dizer. Por momentos, enquanto as observava na cozinha, recordei cenas do filme da Disney, A Bela Adormecida, com as três fadas boas esforçando-se por preparar um ambicioso bolo de aniversário para a sua afilhada. No caso das três meninas Langström, a varinha mágica é o talento natural e o resultado final mediu-se pelo número de "interjeições de delícia" (não existem na gramática, mas os sentidos conhecem-nas) dos sortudos que puderam provar.
***
Março está com pressa em chegar e vai ser um bom mês. Vou ter visitas!! :) Sei, contudo, que a Escandinávia não é "já ali" e, assim sendo, sabemos encontrar outras formas de nos visitarmos. Não é? Sabe tão bem quando escuto a vossa voz, leio as vossas palavras ou vejo os vossos sorrisos!! :)
***
A vida é uma dádiva muito boa! Fica melhor ainda quando há Felicidade naqueles de quem gostamos.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

PARECE-SE COM QUEM?!?!



O convívio com a diversidade de culturas é um dos pontos altos para quem estuda numa universidade no estrangeiro. Digo eu.
Conhecem-se pessoas de todas as partes do mundo e que, por um casual interesse comum (a Suécia), convergiram para o mesmo lugar. Iranianos, polacos, chineses, coreanos, russos, australianos, americanos... A grandeza do Globo tornada quase pequena, de estarmos tão próximos uns dos outros: na sala de aula, na pausa para fika, no bar a almoçar.
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Pois num dos momentos de saudável convívio, em que uns tapam outros com perguntas, "como é que é no teu país isto e aquilo?" - num desses momentos, um colega chinês estende-me o iPhone e diz:
«Acho-te parecida com ela. Desde a primeira aula que andava a tentar perceber quem é que eu conhecia que se parecia contigo. Inteligente e divertida ao mesmo tempo, com franja e óculos.»
E dito isto, sorriu e recolheu o aparelho que já é quase tudo menos telefone.
Bom, então parece que me falta um boné com asas, que ela também usa às vezes. E chama-se Arale numa tal série Dr. Slump. De resto, quer-me parecer que a chinezisse do meu colega foi bem intencionada :)
Fiquem a saber que, para além de ser parecida com o pai Vivi, também dou ares a um desenho animado! :D

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Tracking Harry Potter




Gloucester Cathedral




Gloucester, Howells, Judith & Bill



Sinto-me agora muito tola por ter pensado que o "mais fixe" da visita a Gloucester seria o contato fugaz com os cenários da fantasia harrypotteriana. Vera, vê se cresces!! :P
O fim de semana na cidade principal de Gloucestershire foi uma feliz experiência musical, e a Música, por sua vez, é um caminho quase infalível para os afetos.
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A catedral, de dimensão majestosa proporcional ao frio e à humidade do interior, é um edifício em muito comparável a um tal navio sueco que só navegou sobre a ambição: ambos têm uma história cheia de maus cálculos de engenharia.
Contudo, no caso da grande igreja iniciada no séc. XI, a teimosia (ou porque não chamar-lhe desenrascanço?!) falou sempre mais alto, e com remendos dali, acrescentos daqui e remodelações de perder a conta, a menina dos olhos de Gloucester lá está! Há que mencionar uma parede com uma dada tendência para a horizontalidade... mas enquanto se está lá dentro é melhor nem pensar nisso!
Os vitrais são magníficos. Se as nuvens quiserem destapar o sol, há um colorido intenso que se espalha dentro de todo o edifício.
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Com a luz misturam-se as vozes. Estou, neste caso, a pensar no Mariakören, que ainda ontem de manhã se juntou na catedral a um coro de gaiatos. Anjos quando cantam! :)
Na beleza do espaço - sobretudo no rendilhado de arcos e abóbadas - e nos cantores angelicais inspirou-se o compositor Herbert Howells. Gosto dele. "Magnificat" e "Nunc Dimittis" soam ali como em mais lugar nenhum (digo eu, levada pela emoção e, talvez, por algum exagero...). E tudo o mais que lá se cante vale a pena!
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Ora, temos o bolo, falta a cereja. Duas cerejas: os anfitriões.
A Judith e o Bill são um casal adorável, generoso, sorridente. É possível, em 5 minutos apenas, sentirmo-nos amigos de sempre ou mesmo membros da família.
English breakfast completo e o delicioso sentido de humor de um casal que já conhece a vida há várias décadas - apenas uma parte da "mordomia" (quase podia tirar as aspas) a que tive direito.
Foram 3 dias encantadores, a juntar à língua inglesa de qualidade - para mim, uma reciclagem sempre bem-vinda.
Thank so very much, Judith and Bill! :)
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Agora é a Escandinávia de novo.
Conto-vos a novidade: vou começar a trabalhar na próxima semana! Serei professora de português em Estocolmo, num curso para adultos. É o começo.
Simultaneamente, as exigências dos estudos também se vão fazer notar mais e mais, mas se não apanhar nenhuma outra constipação sueca este inverno, terei energias para o que for preciso!
Por hoje, os trabalhos de casa estão feitos, a apresentação oral de um artigo de jornal está preparada e não é nada má ideia ir para a cama... Será que durmo? Vem vet?

Carnaval


pr'ós lados da semântica, Carnaval será palavra que pode significar uma tabuada de coisas. A mim, porém, traz-me quatro pensamentos em especial:
- a minha avó Vitalina e todos os amigos que se divertem com máscaras e partidas;
-o dia em que pedi à mãe Mimi que me desenhasse mais uns "carapauzinhos" nas bochechas (uma vez que o banho depois da creche tinha apagado as sarda[inha]s);
-os pastéis de grão, as filhós e as argolinhas de azeite e aguardente que a D. Guilhermina magicava na cozinha;
- o início de um tempo de reflexão.
Aqui na Escandinávia não se vêem paradas nas ruas, as cores são as mais pálidas do ano, o samba e a sua batida são difíceis para os pés do norte e não há pastéis de grão.
No entanto, também se vive a espera pela Quaresma com alguma gula. Um perigo calórico chamado "semlor", com efeitos imediatos... Mas como é Carnaval, se calhar ninguém leva a mal!

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Em 5 minutos...

Ontem, um dia de sol sem rasto de nuvens. Apenas azul e brilho. São maravilhosos, os dias assim!
A neve que resta nos telhados volta a ser água e por toda a parte de escutam gotas que caem, qual melodia não ensaiada, nas latas de correio, numa caixa de cartão esquecida, num pedaço de madeira...
O crepúsculo faz o recorte minucioso de cada árvore, cada casa, cada pessoa.
Isto foi ontem.
Hoje, a constipação esteve mais colada ao corpo e o dia não foi nem bom nem mau, antes pelo contrário. Om ni fattar vad jag menar... E em vez de pingas derretidas, chovem trabalhos de casa.
Boa semana, saudades e abraços!
(4 minutos e 28" :) )

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Há fogo, há fogo!

Quem sabe? Quem é que sabe o que acontece hoje à noite?
E amanhã? E até domingo?!
Se lá forem, deixem-me aplaudir convosco! Quando lá estiverem, deixem que me emocione convosco!...
[Estes são os dias em que menos gosto de estar aqui. Nestes dias tenho mesmo frio.]

Cor de chá


Em Portugal bebemos aquele chá, de cor assim... Esse mesmo!
Esta tarde, quando deixei a escola a caminho de casa, era essa a cor do céu. Ou melhor, não era - que isto das metáforas tem muito de subjectivo, já se sabe. (Havemos de falar mais de T. Tranströmer em breve.) Os meus olhos, porém, viram uma tonalidade de luz que me fez lembrar um chá especial e as chávenas bonitas que há na casa da tia Jominha. Eu penso em cada coisa...
Ao longo da caminhada, o tecido cor de chá foi adquirindo umas nódoas esbatidas de cinzento e azul, e quando cheguei à minha rua (aquela que não é a das Piçarras! que essa também é a minha rua) o céu já era um espelho limpo cheio de sol, mas de onde continuava a cair uma neve fininha, de flocos definidos, perfeitos, distantes uns dos outros.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Um problema cabeludo


Ora vejamos: frieiras, aqui não as tenho; constipações, só conto uma com esse nome; frio em casa é coisa que não há... Mas tinha de haver um incómodo manhoso causado por este inverno s(u)eco: o cabelo.
O cabelo fica numa desordem esvoaçante tal, que só apetece esconder tudo debaixo dum gorro (como se faz com o lixo debaixo do tapete - mal comparado, claro!) e voltar a mostrar na Primavera. Uma espécie de hibernação capilar (a comunidade científica que me perdoe estas tolas associações de palavras), até passar esta estação de pôr cabelos em pé. Mesmo!
*******
Amanhã, às 17h, escuta-se em Västeras um coro de jovens vindo de Gloucester, terra onde sua Majestade Isabel II já é rainha há 60 anos. É muuuito tempo.
Mais ou menos 30 moços e moças com uma pronúncia adorável estão cá de visita, e hei-de ouvi-los na catedral. Estou curiosa para saber como é que eles, nos Salmos, encaixam uma dúzia de palavras na mesma nota... Para o Mariakören não tem sido fácil.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Narrativa de amor e de um violino - uma experiência multicultural


Não, não vou aqui contar a estória!...
Primeiro, amor e violinos são quase um lugar comum, nada de novo; e depois, temos um filete recente sobre um jogo de dados, que também inventa personagens e acções e tudo - chega assim!
O que eu quero mesmo partilhar é a experiência de um grupo: Líbano, Irão, Coreia (a do Sul) e Portugal, juntos a uma mesa da biblioteca para escrever um conto. Um conto a partir de imagens.
Usando um adjectivo de um amigo meu, as ditas fontes de inspiração eram bastante fatelas, mas resolvemos o assunto o melhor que pudemos. Ou porque somos escritores natos (que piada tããão má!) ou porque o multiculturalismo é, verdadeiramente, um meio de aprendizagem muito enriquecedor. A troca saudável de ideias (e de calinadas na língua sueca, também) ensina-nos muito, e entre motivação e criatividade conseguimos realizar a tarefa.
No fundo, a parte menos divertida foi a de ter regras para seguir - cumpri-las vai ajudar a definir a nota do trabalho. Ui!
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Esta é uma parte do que tinha escrito ontem e que desapareceu, precisamente no momento em que eu ia publicar o texto. Que fúria!
Na segunda metade dizia-vos que vi um filme interessante q.b. que reflecte peculiaridades da cultura sueca... Mas isso fica para outras linhas de outro dia.
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Recomendo, para o fim de semana, várias camadas de roupa, lã para a cabeça, pés e mãos, e líquidos (nada demasiado quente). Que a frente fria passe para lá para trás tão rapidamente quanto possível!
Em caso de desespero, pensem que aqui estão -10º de máxima, e que a cidade sueca mais fria ontem à noite registou -42º.
Bom fim de semana!

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Era uma vez uns dados que faziam as pessoas contar estórias doidas :)


Estava frio em Oslo. Mesmo frio!
[Quantas vezes já terei usado a palavra "frio" desde que comecei a escrever incongruências neste blog?! ;) ]
Em síntese, não se aguenta andar na rua a vaguear por muito tempo. É muito mais morninho estar em casa a jogar qualquer coisa divertida.
Os dados provocam narrativas em que vale tudo menos ficar em silêncio: a acção tem de continuar de alguma maneira. Até os escaravelhos podem falar!

Daquele lado há mais (?)




As temperaturas têm andando, persistentemente, do lado do menos; "arrefeceram-se-me" as mãos e fiquei todo este tempo sem vos escrever.
Causa ou consequência disso, a verdade é que passei por dias saudosos, de dúvidas, de indecisões - às tantas, sou até capz de ter chorado um bocadinho, para aliviar a saudade. Saem as lágrimas (mornas por pouco tempo, no rosto gelam depressa), dá-se uma pancadinha nas costas da tristeza, fica-se melhor, as dúvidas encontram algumas respostas e segue-se para o próximo A(c)to :)
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A história é que de novo me tornei estudante, desta vez de Skandinavistik na Högskola de Västeras. Há livros para procurar, canetas coloridas para sublinhar, um caderno novo (folhas novas e lisas: sempre gostei de as poder estrear). Acima de tudo, há Pessoas e há Conhecimento - agrada-me a combinação. Vamos a isto! Até Junho.
Pelo meio, com sorte e ajuda do relógio, é possível que consiga conciliar trabalho na capital, algumas horas por semana.
E quando tudo soa a trabalho e (cheira?) a suor, eis que decidi mesmo foi passear!
Antes era surpresa!! mas agora já posso contar que fui a Oslo ver dança e ver Amigos. Que bons abraços recebi da Stella, do Lourenço e do Rui :) Foi um feliz encontro no topo da Europa, e a neve serviu-nos de brincadeira. Hortinhas, já temos o que contar quando formos mais crescidos! ;)
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A partida: sábado de manhã.
O tempo de viagem era perigosamente longo - uns minutos de atraso por causa de "lixo não identificado" na linha poderiam custar a perda do espectáculo Object Constant, na Opera Huset de Oslo.
Foi por sms que descobri que o comboio já tinha atravessado a fronteira. O serviço é tão eficaz e rápido com as Boas Vindas, que quase, quase podíamos acreditar que o roaming é uma coisa simpática... E eu que vinha adorminhada e torcida no banco, despertei para descobrir um país novo. Deste lado há mais neve, pensei.
Como os meus olhos o vêem, o branco tem mesmo qualquer coisa de fascinante. Em cima dos telhados que interropem a paisagem, os tapetes são espessos, fofos, curiosamente perfeitos nos limites, como se a neve soubesse exactamente onde parar sem se precipitar contra o chão.
As àrvores, nos ramos mais finos dos mais finos, só conseguem fixar uma espécie de pó gelado, e, à distância, a cor parece a mesma do cabelo grisalho de algumas avós.
Na carruagem sentiu-se um cheiro a laranja: o meu companheiro de viagem decidiu lanchar, logo no momento em que o maquinista anunciou café e queques de café e chocolate no restaurante.
Mais duas horas de viagem até à capital. A vontade era ir lá para fora, fazer anjos no chão! Ou ir puxar um braço de um pinheiro, como se fosse uma catapulta, e deixar-me bombardear com neve!
Uma hora para a chegada. Contorcionismo no banco, para trocar de roupa. Um piquenique rápido, com direito a Brigadeiros para sobremesa.
E Oslo, finalmente! Anfitriões impecáveis, um fim de semana bom, uma cidade que ficou a pedir nova visita.

Material em atraso



Doze horas de canto em Klackberg, com o Mariakören. Já foi no fim de semana de 21 e 22 de Janeiro...

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

D de pequenas conquitas, D de passo em frente, D de razões para sorrir

5.ª feira em Estocolmo.
Chuva miúda, temperatura descendente, chão derrapante de repente! Aiai!!!
Em todo o caso, um dia bastante... D. Sim, um dia tipo D! (...Pois, também não sei bem a que propósito... mas não me parece mal chamar-lhe assim.)
É que a 5.a feira costumava ser a minha "desfavorita": era o dia da educação física na escola, e de análise de imprensa alemã na universidade; o dia que sempre fazia tardar a desejada 6.ª feira. No presente, porém, as 5.as feiras parecem ter adquirido um estatuto mais favorável no meu calendário. Ou então é do meu agrado por esta torsdag em especial.
Conto-vos, claro: encontrei companhias agradáveis (algumas pessoas pela primeira vez), bem dispostas e disponíveis, com quem foi bom conversar e aprender; tive bons anfitriões na cidade; ouvi falar a Língua-Mãe com os "éFes e éRRes" a que há direito; comi especialidades libanesas ao almoço, e arroz de pato ao jantar, na casa da Catarina e do João :) Obrigada por me convidarem e acolherem!
Pois num dia assim, de chuva miúda, temperatura descendente e chão derrapante, quase de repente confirmo que onde uma ou duas portas de fecham, várias janelas estão por abrir. E os pés parecem mais firmes. E sorrio, grata.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Não foi lá onde "Judas perdeu as botas"...


... mas foi perto do lugar onde "um Santo pendurou as luvas num raio de Sol".
A expressão não é minha. É o que se diz por ali, nas redondezas de Munktorp, e eu achei bonito, o dizer.
Pois assim foi: passei o dia de ontem no campo, onde a neve tem teimado em cair pouco, poucochinho. No entanto, o chão, os ramos mais finos dos pinheiros e os telhados vão sendo polvilhados de branco, e para mim a paisagem fica mágica q.b.
O frio vai transformando em vidro frágil os pequenos charcos, e a rebelde convite de quem conhece estes cenários de uma vida inteira (a Sofia e a Ninna caminham por estas terras desde sempre), fui e experimentei os meus pés na superfície transparente. Diverti-me a ouvi-la e vê-la estalar! :)
Em casa da mormor Stina houve petiscos deliciosos, chá quente, lareira e muitas fotografias da família para percorrer. Pela janela, espreitávamos os pássaros maravilhosos que se alimentam das sementes oferecidas no jardim.
Gosto da Suécia.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Amanhã é um dia importante


2012.
Matemáticas feitas, há 25 anos que o João Luís nos faz Coral de S. Domingos. E amanhã, 7 de Janeiro, começam oficialmente as comemorações de um quarto de século de vozes e música, entre S. Domingos, a Rua Direita e o resto do Mundo.
Como numas tantas outras ocasiões mais do que importantes, não dou com as palavras certas para descrever o que significam para mim o coro e este aniversário, em especial.
Lembro-me das primeiras canções; tenho na memória imagens claras de ensaios, na indecisão entre ficar sentada em silêncio ou juntar-me à minha mãe e cantar; e recordo os mimos da Vaé, da Belinha, da Constancinha, da Custódia...
E o apito!?! Parece-me que era verde alface, e quando soava no fôlego do maestro, fazia-nos gargalhar mais do que nos fazia calar ou prestar atenção. Sorry! :)
E aconteceram tantas coisas em 25 anos! Viajámos, juntámos sons e afectos e houve belgas que sorriram por irmos "ao Mar às laranjas", polacos que libertaram repressões com o "Acordai" de Lopes-Graça, suecos que connosco pediram ao Tónio que não fosse ao mar... Ah, e o galo da comadre com os pés de mollho do Mar Negro, na Bulgária!!
Ao longo de 2012 celebra-se Música em Montemor e eu cá acho que vale muuuuito a pena ficar atento ao programa, visitar a cidade, escutar bons concertos, abraçar amigos.
Ao João e todos quantos já uniram vozes ao nosso coro, um excelente ano de aniversário! Gosto-vos muito.

A Ana Drago sueca


Hoje, dia de Reis, é também dia de escolhas no Vänsterpartiet (Bloco do Esquerda no Parlamento Sueco).
[Posso jurar que, várias vezes ao longo da espera por resultados, os candidatos e membros do staff vão tomar "fika", mas para acompanhar o café fumegante não terão o belo do Bolo Rei.]
Enfim, o facto é que esta manhã olhei para a notícia do jornal e pareceu-me ver a Ana Drago na fotografia. E quis partilhar. Ou é da franja, ou do ar jovem que contrasta com a solenidade do local de trabalho...
Seja como for, no final do dia a Rossana Dinamarca poderá ter-se tornado a nova líder do partido. Cá em casa apoia-se com entusiasmo essa hipótese.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

«Star of wonder, star of light»

Viagem ao Presépio: recortes de estórias para esta noite


De Sophia de Mello Breyner Andresen, Contos Exemplares:
«[...] Fito em meu redor a solenidade das coisas como quem tenta decifrar uma escrita
difícil. Mas és tu que me lês e me conheces. Faz que nada do meu ser se esconda. Chama à tua claridade a totalidade do meu ser, para que o meu pensamento se torne transparente e possa escutar a palavra que desde sempre me dizes.
Primeiro pareceu a Gaspar que a estrela era uma palavra, uma palavra de repente dita na muda atenção do céu.
Mas depois o seu olhar habituou-se ao novo brilho e ele viu que era uma estrela, uma nova estrela, semelhante às outras, mas um pouco mais próxima e mais clara e que, muito devagar, deslizava para o Ocidente.
E foi para seguir essa estrela que Gaspar abandonou o seu palácio.»
*******
«Nessa noite, depois da Lua ter desaparecido atrás das montanhas, Melchior subiu ao terraço e viu que havia no céu, a Oriente, uma nova estrela.
A cidade dormia, escura e silenciosa, enrolada em ruelas e confusas escadas. Na grande avenida dos templos já ninguém caminhava. Só de longe em longe se ouvia, vindo das muralhas, o grito
de ronda dos soldados. E sobre o mundo do sono, sobre a sombra intrincada dos sonhos onde os homens se perdiam tacteando, como num labirinto espesso, húmido e movediço, a estrela acendia, jovem, trémula e deslumbrada, a sua alegria.
E Melchior deixou o seu palácio nessa noite.»
*******
«E tendo passado pelos três altares, Baltasar interrogou os sacerdotes:
— Dizei-me onde está o altar do deus que protege os humilhados e os oprimidos, para que eu o implore e adore.
Ao cabo de um longo silêncio, os sacerdotes responderam:
— Desse deus nada sabemos.
Naquela noite, o rei Baltasar, depois de a Lua ter desaparecido atrás das montanhas, subiu ao cimo dos seus terraços e disse:
— Senhor, eu vi. Vi a carne do sofrimento, o rosto da humilhação, o olhar da paciência. E como pode aquele que viu estas coisas não te ver? E como poderei suportar o que vi se não te vir?
A estrela ergueu-se muito devagar sobre o Céu, a Oriente. O seu movimento era quase imperceptível. Parecia estar muito perto da terra. Deslizava em silêncio, sem que nem uma folha se agitasse. Vinha desde sempre. Mostrava a alegria, a alegria una, sem falha, o vestido sem costura da alegria, a substância imortal da alegria.
E Baltasar reconheceu-a logo, porque ela não podia ser de outra maneira.»

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Doze badaladas




I
Um ANO BOM para todos!
Tenho pouco que ponderar antes de afirmar que não há ninguém no mundo a quem não deseje um Ano Bom, contando que isso, para mim, significa um ano de Bondades feitas e Bondades acolhidas. Bem podemos escancarar a grandeza dos nossos corações para cumprir da melhor maneira a demanda de 2012.
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II
Fui da Escandinávia à praia lusitana e vi o Sol! Mais radiante seria impossível.
E o céu, dum azul que quase dói de tão bonito!
Laranjas e limões pendentes nos quintais, como cachos luzidios, fazendo certa concorrência, suculenta e doce, às uvas doutra estação.
E as cores do fim duma tarde, recortadas por cada trave férrea da ponte 25 de Abril...
E a família e os amigos, tudo o que nos dão e nos fazem sentir!...
É tão bom, Portugal!
Não me levem a mal, isto não é uma revelação de agora. Mas parece ser verdade que ver outros lugares e os seus encantos renova as seduções da nossa casa.
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III
Esperas longas, muito longas nos aeroportos. O que é que se faz?
Compras no Duty Free? (dizem eles que é "free", mas é tudo caro na mesma...) Pára-se num bar para lanchar? (vi eu um casal pagar 7,80 euros por aquilo a que chamamos, caseiramente, uma meia de leite e uma tosta mista!...)
O aeroporto de Frankfurt é um gigante com o ar condicionado no máximo e onde tudo o resto é igualmente excessivo.
Vai daí, comprei 2 livros em alemão, para provar que o sueco ainda não arruinou por completo as minhas competências germânicas. Houve tempo para ler, integralmente, "O Principezinho"! E sobrou.
Antes de embarcar no segundo voo, ainda pude comer o pastelinho de nata que a D. Celeste me dera de manhã cedo (a D. Celeste da Estudantil [pub.] tem um papel importante no meu consumo da açúcar no norte da Europa).
Quase 6 horas em solo da Frau Merkel - foi dose!
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IV
Despedi-me de 2011 cantando, e a cantar pedi o melhor para 2012. Alguém me disse, no final, que me ouvira a voz, mas ouvira-me sobretudo o coração :)
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V
O que mais ninguém fez em Västeras na noite de fim de ano: bater com os testos das panelas e comer 12 passas à meia-noite! Só nós, cinco boas raparigas na rua Kockvret.
Chamemos-lhe um reveillon multicultural. Elas nunca tinham saudado o ano novo "à portuguesa", e eu nunca tinha ido para a rua com 8 graus negativos, ver o fogo de artifício.
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VI
Alberto João Jardim no plural: que suuuusto!
Foi a ideia... parva... pois, admito... Foi a ideia que me passou pela cabeça quando a meia-noite se aproximava e milhares de pessoas na cidade lançavam, desordenada e ruidosamente, os seus fogos de artifício. Muitos Albertos J. Jardins com fogos baratinhos, sem ficar a dever nada a ninguém.
De lado a ironia e o detalhe do barulho ensurdecedor, diria que vi um céu lindíssimo, iluminado e colorido por homens e mulheres com Esperança no ano que começou.
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VII
Lápis que escrevem perfume. Comprei-os na lojinha do Mercado, e recomendo!
Trouxe-os na bagagem e agora, ali ao canto do quarto, é como se tivesse uma laranjeira em flor - como Primavera que viesse mais cedo....
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VIII
Quando regressei, descobri uma casa diferente. Perguntei: "Não pode ficar assim o ano inteiro?" Tolice, claro.
Há o pinheiro, as flores, as velas, os gnomos da sorte, os anjos, o vermelho cá dentro, o branco lá fora. Fica tudo ainda mais acolhedor.
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IX
Entretanto, tenho para a troca dores de garganta, lenços de papel em estado indizível, tosse, uma febrinha chata e mau humor. E só vamos no 2.º dia do ano... :P
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X
Continuam as guloseimas da época natalícia, e as bochechinhas, que começaram a arredondar em Montemor, ainda não encontraram tréguas. Assim não é fácil! Alguém conhece uma daquelas dietas "detox"-relâmpago para depois das festas?!?!
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XI
Em Montemor ficou uma nova amiga: a Mia.
Em confissão, reconheço que não tenho a mais fácil das empatias com amigos de 4 patas... E penso que não saberia explicar bem porquê.
Ainda assim, posso jurar que terei saudades do focinho perfeito; dos olhos azuis curiosos e, ao início, muito ciumentos; dos saltos dançantes de quem se diverte consigo mesma, com coisas simples; do miar à hora da refeição e do esgravatar astuto na porta da casa de banho.
Uma festinha para ti, Mia, e um Ano Bom. Miau...
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XII
«Here we come a-wassailing
Among the leaves so green,
Here we come a-wand'ring
So fair to be seen.
Love and joy come to you,
And to you your wassail, too,
And God bless you, and send you
A Happy New Year,
And God send you a Happy New Year.»