sábado, 11 de janeiro de 2014

Memórias - de uma Gueixa, não, de um joelho

Branco e leve, o dia passou.
A criançada apareceu para brincar com a neve, os pais também. Botas e kispos hão-de estar, ainda pingando, pendurados à espera de sair de novo amanhã. Que pagode! Mesmo à minha porta havia marcas de pequenos "anjos de neve" :)
Depois do cinema, caminhei até casa sob flocos puros, brilhantes, frios. Este é o Inverno sueco de que gosto - com o risco de cair a cada passo, com o branco que não vai durar muito, mas há um silêncio bom e fica-se mais perto da fantasia da Disney.



Da fantasia à realidade, dói-me um joelho. O direito, para ser mais precisa. O sintoma tende a vir com a neve e com o sinal de menos no termómetro. Ah, e com o sinal de mais na idade, também.
Do que me lembro - é o joelho que mo recorda -, estava escuro e eu ia avenida João XXI acima. O escuro era o da manhã, isso ainda sei, e a minha caminhada tinha pressa. 
Ora, a calçada portuguesa pode ser uma obra de arte, mas quando em obras e com crateras abertas, cai-se nela como noutro chão qualquer. E eu, nesse madrugar escuro, tropecei num paralelepípedo fora do buraco a que pertencia e aterrei, num ponto preciso e com um som oco, no joelho direito. Deve ter sido uma linda coreografia, mas àquela hora havia, para minha sorte, pouca gente acordada. Doeu-me, se doeu! O joelho, e o estrondo que senti por dentro do corpo todo. No entanto, continuava com pressa e fiz por seguir o meu caminho.
De então para cá, sobretudo nestes últimos três invernos de rigor, regressa esta memória. Passará com os "pós de Maio".

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