quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Antes, ontem e Tomas Tranströmer




Nevou!!!
Parece-me que, pela primeira vez, uso o verbo sabendo-lhe bem o significante e o significado. NEVOU! :)
Como em tempos aconteceu brincando com as folhas cadentes das árvores, de novo "me acriancei" a ver a neve descendo para se transformar em chão branco e brilhante.
Fui lá fora, toquei-lhe, senti a cor, pisei a textura (como pequenos flocos crocantes sob os pés), ignorei a temperatura... mas isso por pouco tempo, porque não é possível fingir que não é fria. Muito fria. Bonita, muito bonita!
A cidade parece outra, com uma segunda claridade, mesmo quando a luz do sol desaparece.
Naturalmente, a beleza da natureza também apresenta factura: as ruas são como pistas escorregadias de neve que volta a ser água que volta a ser gelo. As pessoas (eu sou pessoa, está visto!) adquiriram um jeito estranho de andar, que facilmente faz sorrir quem vê; é sinal, porém, de que a precaução não é demais nesta estação.
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Ontem vi Turner, Monet e Twombly, no Moderna Museet. Do último não reconhecia senão o nome, vagamente.
Uma boa exposição, um diálogo bonito entre as visões dos três pintores nos seus últimos trabalhos. E não consigo evitar emocionar-me quando fico tão perto de obras originais. Parece que uma tela conta a história de quando, onde, como foi criada; pequenas viagens no tempo, talvez...
Saí do museu sob o ceú negro das 17:2o. Estocolmo estava lindíssima, luminosa, com cores multiplicadas pelos reflexos na água.
Quase distraída pela visão encantadora da Escandinávia, vi chegar a hora de encontrar a Língua Portuguesa e outros Ocidentais da Praia Lusitana. A recepção na residência do Embaixador de Portugal foi, acima de tudo, um encontro feliz de imigrantes da nova geração. Há contactos que se iniciam e que são como o despertar de novos olhares, de novas consciências, e sabemos agora que não somos poucos e que as competências de cada um podem contribuir e completar as competências de outros. Há muito que fazer.
Quem já conhecia: que bom ver-vos de novo!! Quem não conhecia: gostei de vos conhecer! Até ao próximo encontro!
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Depois de um fim de dia muito bem passado na capital, despertei invulgarmente cedo esta manhã, para voltar a Västeras.
Fechei quantos fechos e botões tem o casaco, senti que estava fresquinho (vi depois os termómetros parados nos -3º). Caminhei em direcção ao edifício do jornal, onde se faziam os últimos preparativos para um recital de poesia e música dedicado a Tomas Tranströmer.
A cerimónia de entrega dos prémios Nobel é este sábado, e Västeras vive com muito orgulho a distinção do poeta que aqui viveu muitos anos.
Um dos orgulhosos é o meu amigo Pär Anders, durante alguns anos vizinho da família Tranströmer :) Vizinho e amigo da Emma Tranströmer, filha do homem das metáforas e intérprete da obra do pai.
Foi uma sessão simples, mas interessante, com momentos especiais. No entanto, não posso negar: de vez em quando, os meus olhos fugiam pela enorme parede de vidro que servia de cenário, com a cidade do lado de fora. A ouvir metáforas, outras (muito mais modestas, claro!) me vieram à cabeça, porque a luz, o céu azul, os restos de neve nos telhados negros, os cachecóis e os gorros que passam apressadamente na rua - todos sugerem uma poética própria.
Foram lidos e cantados alguns poemas, um deles inspirado pela ilha da Madeira, escrito num período em que Tranströmer visitava a ilha com frequência.
E sobre a ilha da Madeira não farei outros comentários, já que também existem as circunstâncias que não têm poética nenhuma que lhes valha.
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Depois da poesia, a gramática. Hoje foi dia de adjectivos: comparativo, superlativo, terminações conforme o género e alguns antónimos mais comuns; páginas e páginas de exercícios para fazer (não dou conta deles até ao Natal).
Mais tarde ainda, um saltinho "por empréstimo" ao ensaio do coro Voces Mariae, onde também cantam as canções de Lucia. Para mim, nunca é demais cantar mais uma vez e encaixar as sílabas todas nos sítios certos. Está próximo esse concerto especial (não me esquecerei de explicar) e continuo a ter muito que memorizar.
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Nisto chegou-me o sono: espero que não seja ameaça vã. Esta semana tenho mais noites-não que noites-sim...
Volto depois, para partilhar planos de fim-de-semana. Se são especiais? Vem vet?

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